Livro: O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec
PIEDADE FILIAL
Honrar pai e mãe não é somente respeitá-lo, mas também assisti-los nas suas necessidades; é proporcionar-lhes o repouso na velhice; cercá-los de solicitude, como eles fizeram por nós em nossa infância.
É principalmente para com os pais sem recursos que se demonstra a verdadeira piedade filial. Estarão satisfazendo a esse mandamento os que julgam fazer grande esforço ao lhes darem o estritamente necessários para que não morram de fome, enquanto eles mesmos de nada se privam? Relegando-os aos mais ínfimos cômodos da casa, para não deixá-los na rua e reservando para si mesmos os melhores aposentos, os mais confortáveis? E ainda bem quando tudo isso não é feito de má vontade e não fazem os pais pagar o que lhe resta de vida com a carga da fadiga dos serviços domésticos! Devem, então, pais velhos e fracos serem os servidores dos filhos jovens e fortes? A mãe ter-lhes-ia cobrado o leite quando estavam no berço? Contou ela as noites de vigília quando estavam doentes, os seus passos para proporcionar-lhes os carinhos de que necessitavam? Não! Não é o estritamente necessário que os filhos devem aos pais pobres, mas são também, tanto quanto possam, as pequenas alegrias do supérfluo, as atenções, os cuidados delicados que são apenas os juros do que receberam, o pagamento de uma dívida sagrada. É somente essa a piedade filial aceita por Deus.